quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

 TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO Nº36 – Nível Fundamental
PANACEIA INDÍGENA
          Diz que o pajé da tribo foi chamado à tenda do  cacique. Quando  o pajé entrou, o cacique estava deitado, meio sobre o gemebundo, se me permitem o termo. A perna do cacique estava inchada, mais inchada que coxa de corista veterana. Tinha pisado num espinho envenenado. O pajé examinou, deu uns dois ou três roncos de pajé e depois aconselhou:
          – Chefe tem de passar perna folha de galho passarinho azul pousou.
          Disse e se mandou, ficando os índios do “staff” do cacique (cacique também tem “staff”) encarregados de arranjar a tal folha. Depois de muito procurarem, viram uma sanhaço pousado num galho de mangueira e trouxeram algumas folhas. Mas – eu pergunto – o cacique melhorou? E eu mesmo respondo: aqui! ó…
          No dia seguinte estava com a  perna  mais  inchada. Chamaram  o pajé de novo. O pajé veio, examinou e lascou:
          – Hum… hum… perna grande guerreiro  melhorou  nada  com  folha galho passarinho azul pousou. Precisa lavar com água de Lua.
          Disse e se mandou. O “staff” arranjou uma cuia e botou a  bichinha bem no meio da maloca, cheia de água, que era para – de noite – a Lua se refletir nela. Foi o que aconteceu. De noite houve Lua e, de manhãzinha, foram buscar a cuia e lavaram com a água a perna do cacique.
          O pajé já até tinha pensado que o chefe  ficara  bom,  pois  não  foi mais chamado. Passado uns dias, no entanto, voltaram a apelar para os seus dotes de curandeiro. Lá foi o pajé para a tenda do cacique, encontrou-o deitado com a perna mais inchada que cabeça de botafoguense. Aí o pajé achou que já era tempo de acabar com aquilo. Examinou bem, fez um exame minucioso e sentenciou:
          – Cacique vai perdoar pajé, mas único jeito é tomar penicilina!
                                                     (STANISLAW PONTE PRETA, Garoto Linha Dura)
 ___________________________________________________________
Responda às questões a respeito do texto:
1. O pajé foi chamado à tenda do cacique para curá-lo de um mal. O que causou esse mal?
2. Para enfatizar o inchaço da perna do cacique, o autor fez duas comparações maldosas.  Identifique quais e transcreva-as aqui.
3. O que o pajé receitou ao cacique, nas duas primeiras visitas?
4. O pajé foi chamado pela terceira vez porque:
a. (   ) o tratamento prescrito anteriormente não surtiu efeito.
b. (   ) os índios do “staff” foram negligentes ao administrar o tratamento.
c. (   ) os métodos curativos indígenas não curam antes da terceira sessão.
d. (   ) houve interpretação errônea da receita.
5. O autor afirma que o pajé receitou penicilina. Com isso, pretende fazer-nos rir, pois a penicilina é totalmente estranha à medicina tradicional dos índios. Analisando melhor essa afirmação, notamos que o autor pretende também:
a. (   ) demonstrar que até os caciques vivem cercados de auxiliares incompetentes.
b. (   ) menosprezar o tratamento dos curandeiros, mostrando que ele de nada vale.
c. (   ) enaltecer o progresso dos indígenas, que conhecem medicamentos modernos.
6. Pelo contexto, você deve ter concluído que panaceia (título do texto) é:
a. (   ) anedota, piada, história divertida
b. (   ) confusão, atropelo, correria
c. (   ) remédio, aquilo que pode curar
7. Dá-se o nome de oca à construção em que moram os índios. Essa palavra, entretanto, não foi usada no texto. Que palavra o autor usou para referir-se à casa dos índios?
_________________________________________________________________________________________
GABARITO:
  1. um espinho envenenado
  2. a) a coxa de corista veterana           b) mais inchada que cabeça de botafoguense
  3. a) folha de galho em que pousou passarinho azul
             b) água de Lua
        4.  letra A
        5.  letra B
        6.  letra C
        7.  tenda

Nenhum comentário:

Postar um comentário